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O mercado de trabalho e a figura do “empregador malvadão”

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Especialista discute cultura do trabalho no Brasil e levanta polêmicas sobre a volta do trabalho presencial

Desde o final da pandemia, a discussão sobre o trabalho remoto e a volta do trabalho presencial tem sido frequente nas empresas. O assunto levanta diversas polêmicas e traz opiniões diferentes, tanto do lado do empregador como do lado dos colaboradores. Os ônus e os bônus de cada uma das opções, assim como do chamado trabalho híbrido, que mistura as duas possibilidades, ficam cada vez mais claros e, ao mesmo tempo, mais confusos.

Há quem diga que o trabalho presencial tem muitos mais aspectos positivos que negativos e que somente com ele é possível ter uma comunicação mais clara, decisões tomadas mais rapidamente, relacionamentos mais próximos e supervisão mais direta e aproximada. Por outro lado, quem defende o trabalho remoto garante que ele traz redução de custos para a empresa, menos interrupções no trabalho do dia a dia, melhor equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional, melhor bem-estar do colaborador e até mais engajamento da equipe.

Seria, então, o trabalho híbrido a melhor opção? Quem defende a afirmação alerta que, sim, desde que se considere que é preciso ter horários de trabalho muito bem definidos, um ambiente de trabalho adaptado, acompanhamento da produtividade, flexibilidade e uma boa cultura de colaboração.

O fato é que dentro desta discussão, independentemente do lado para que se vai, surge a figura de um personagem: o “empregador malvadão”, principalmente quando se fala sobre a volta do trabalho 100% presencial e sobre o quanto isso seria desumano. “O mundo sempre foi presencial e vai continuar sendo. Quem não concorda com as políticas, processos, cultura e estilo de liderança da empresa que aposta e exige o trabalho presencial deve trocar de empresa ou apostar no sonho de muitos, que é empreender. Assim como não existe uma pessoa perfeita para se relacionar, não existe a empresa perfeita para trabalhar e a exigência do trabalho presencial é reflexo da cultura da empresa. Então, o ponto é estar alinhado aos valores da empresa – onde e como o trabalho é executado é só um ponto com o qual a pessoa pode concordar ou não. É preciso colocar os prós e contras na balança como em qualquer situação da nossa vida e ver o quanto o local ou a forma de trabalho pesa na decisão de aceitar ou não uma oferta de emprego”, explica Caio Infante, vice-presidente regional (LATAM) da Radancy e um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil.

A busca pela perfeição, segundo Caio, sempre gera frustração. Historicamente, mais de 90% dos processos trabalhistas do mundo ocorrem no Brasil e o especialista atribui muito disso, justamente, à nossa cultura de que o empregador é sempre malvado e o colaborador está sempre certo. “É a famosa Lei de Gérson, que prega que se algo pode dar errado, não tem problema, pois a gente sempre dá um jeitinho de fazer parecer certo. E no Brasil também temos a mania de reclamar de tudo, então, por que não reclamar do trabalho também?”, brinca Caio.

E isso não tem a ver com a geração atual – tem a ver com a cultura de trabalho no Brasil. “Os mais velhos reclamam de algumas coisas e os mais novos de outras e isso não vai mudar. Os jovens, por exemplo, hoje confundem flexibilidade e trabalho remoto com poder ir para a academia às 11h ou ir passear com o cachorro às 15h, ou seja, durante o expediente de trabalho, mesmo que em casa. Home office não é trabalhar quando dá ou quando se tem vontade e não é colocar seus compromissos e vontades pessoais acima das obrigações. Já os mais velhos reclamam do excesso de tecnologia, da rapidez de algumas coisas e da falta de comprometimento dos mais jovens. O negócio é reclamar…”, ilustra Caio.

Se existe, de um lado, um empregador que parece mau, do outro também existem colaboradores que querem as garantias, benefícios e estabilidades de um emprego CLT mas não querem cobrança, compromisso e nem entrega de resultados, e é isso que, segundo o especialista, precisa mudar. “Para que este cenário mude, as empresas precisam ser firmes sem medo de perder candidatos ou bons talentos. Nenhuma empresa vai agradar todo mundo – o importante é agradar quem está na empresa apostando na sua cultura, sendo feliz e produzindo. As pessoas querem desafio, autonomia e realização – dinheiro é bom, mas é só uma consequência disso tudo”, finaliza Caio.

Sobre Caio Infante

Eleito por três anos consecutivos como um dos profissionais de RH mais influentes do mercado, Caio Infante é formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM e possui MBA em Gestão Internacional pela University of Technology, em Sidney, na Austrália. Com carreira profissional desenvolvida na área de Negócios em agências de propaganda do País e do exterior, atuou, também, no site Trabalhando.com como diretor Comercial e de Marketing, chegando a Country Manager da operação. Desde o início de 2017, Caio está na Radancy, onde seu conhecimento sobre marca empregadora cresceu exponencialmente. Hoje, ocupa o cargo de vice-presidente regional da agência, mantendo contato com alguns dos maiores nomes mundiais do tema.

Caio Infante também é um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil, a maior comunidade sobre marcas empregadoras, com mais de 40 mil seguidores nas redes sociais.

Recentemente, Caio passou a ocupar, também, o cargo de Diretor de Patrocínios da ABRHSP (Associação Brasileira de Recursos Humanos – SP) da Regional Berrini.

Informações sobre Consultoria, Palestras e Treinamentos, acesse: www.caioinfante.com.br

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