zidoro fala sobre novas abordagens de documentários, além de como os podcasts estão transformando o cenário audiovisual brasileiro
Inicialmente visto como um álbum de Emicida, AmarElo Prisma, tem se mostrado como algo maior cada vez mais. Nesta terça (08), a produção estreia um documentário na Netflix com o nome “AmarElo – É tudo pra ontem”. Mas antes disso, o projeto já foi podcast, animação e documentário no canal GNT. Mas, como tudo isso foi constituído? Em mais uma edição de Documentar Conversa, o cineasta documentarista Rapha Erichsen entrevista M. M. Izidoro, estrategista de narrativas e contador de histórias que, em parceria com a Lab Fantasma – hub de entretenimento dos irmãos Emicida e Fioti – e com a agência Mutato, construiu o projeto social, como ele explica na entrevista.
Veja como foi
“O AmarElo impactou as pessoas de diversas formas. Você vê pequenas animações, ouvi o álbum, tem o podcast e de repente ele estava na televisão. Agora chega à Netflix com um documentário. Parece um monstro que foi se moldando e evoluindo aos poucos. O grande destaque de Prisma é que ele teve sucesso a partir de um recorte difícil. Ele fala de tudo, do universo, é o recorte mais amplo possível. Isso é o mais difícil normalmente ao fazer um filme. Mas o filtro e o prisma do Emicida amarraram tudo”, frisou Rapha Erichsen durante a conversa.
Logo no início do episódio o entrevistado citou que o mais importante de tudo não é fazer um conteúdo, mas sim criar uma comunidade. Ao término da conversa, quando também falava de sua plataforma sobre saúde mental “Eu Estou”, ele resumiu as mensagens que seus projetos tentam passar.
“Tanto no Eu Estou quanto no Prisma a nossa métrica não é assinatura ou visualização. Se uma pessoa entender nosso conteúdo e ter força pra mudar já valeu. Eu estou há dois anos recebendo mensagens de pessoas que mudaram a partir disso. A gente abriu a porta e as pessoas resolveram entrar. O Leandro (Emicida) abriu o coração dele no AmarElo, eu também abri o meu, é a minha autobiografia também. Tudo que aprendi na vida está lá dentro. Eu ensinei muito, mas aprendi muito mais”, comentou M. M. Izidoro na entrevista.
Lá no mês de junho, no programa “Rapha Reage”, o cineasta analisou o então álbum AmarElo – ainda não conhecido como um documentário – como uma verdadeira série áudio-documental. Agora, meses depois, o álbum de Emicida soma em sua lista de sucesso o Grammy Latino de “Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa”.
“No meu ponto de vista, o grande trunfo do projeto são os caminhos reais que ele fala que você pode fazer depois de ver tudo aquilo. Pois, os documentários normalmente são um espelho, uma lupa. Eles te mostram como está determinado tema e você fica meio inerte, questionando o que eu vou fazer? Eu gosto de ser propositivo”, destacou M. M. Izidoro na entrevista.
Durante a conversa, ele ainda falou de sua experiência como contador de história e estrategista de narrativas e como os podcasts trazem novas abordagens ao audiovisual brasileiro. Segundo ele, fazer podcast é filmar sem câmera, é muito mais visual que o cinema.
“É um diálogo com a audiência. É o teatro da mente. Se eu falar algo, cada pessoa vai ter sua versão daquilo, a história fica mais pessoal que no filme. O áudio proporciona que a pessoa escolha sobre o momento do uso. O áudio te acompanha pra fazer coisas. Você pode ouvir uma música, um podcast fazendo faxina em casa”, destacou ele.
Vale destacar ainda a importância da relação do tema abordado no episódio de Documentar com o universo dos documentários. Para Rapha Erichsen, muitas pessoas têm o interesse em produzir filmes deste gênero, já com um pedido pronto, mas será que o que eles precisam é mesmo um documentário?
“Essa foi também minha ideia ao criar o canal, mostrar alguns caminhos. As vezes um documentário é uma síntese para contar uma história. O grande lance é pensar nas abordagens para cada tema e como comunicar com o público”, afirmou o cineasta.
Os bastidores de AmarElo Prisma
No Documentar Conversa, M. M. Izidoro fala sobre as horas de conversa com Emicida para a produção dos roteiros – ao todo foram mais de 280 páginas de roteiro – as entrevistas e como a pandemia do novo coronavirus impactou os planos.
Segundo Izidoro, a agência Mutato e a Lab Fantasma queriam transformar o projeto em algo visual, mas não encontravam uma solução. Foi aí que ele foi chamado para participar da produção. Porém, quando haviam encontrado a solução após horas e dias de pesquisas e reflexões a partir das referências de Emicida, veio a pandemia e tudo teve que ser transformado.
“AmarElo é um conteúdo para você ver tomando café e comendo biscoito de polvilho na rede. Quando surgiu era pra ser uma coisa completamente diferente. Mas ele não é só um disco, é um projeto social. Eles estão fazendo vários experimentos sociais de como ressignificar a história do Brasil pela lente do amor”, destacou ele.
Sobre o canal Documentar
Com o objetivo de celebrar a arte do documentário e seu poder de transformação, o canal Documentar consiste em um espaço de conhecimento e dicas para quem produz, assiste, estuda ou tem curiosidade em saber mais deste universo, por exemplo, sobre como fazer um documentário. O canal traz conta não só a história do gênero cinematográfico, mas também dá dicas de vários aspectos para se fazer um filme, do roteiro a distribuição. O canal ainda realiza debates, estreias e análises de documentários. Conheça e se inscreva em: www.youtube.com/c/Documentar.
Quem é RaphaErichsen
Cineasta documentarista, roteirista e autor brasileiro. Já dirigiu filmes de diversos formatos, incluindo mais de 500 trabalhos para a internet que somam mais 20 milhões de visualizações. Seu filme “Ilegal – A Vida não Espera”, que aborda o tema da maconha medicinal, foi eleito pelo UOL como melhor documentário de 2014 e vencedor do prêmio Sesc melhores filmes na categoria documentário. Com “Radical: a controversa saga de Dadá Figueiredo” conquistou o prêmio de melhor filme estrangeiro no festival NYIFF e no festival de esportes radicais MIMPI. Os dois filmes estão distribuídos globalmente na plataforma Netflix. Dirigiu a série Rally Mongol para o canal Multishow, uma jornada terrestre da Inglaterra até a Mongólia apontada como a aventura mais estúpida da terra. Dessa aventura saiu o livro de sua autoria, “Tudo Errado”, lançado em 2017.